sexta-feira, 9 de março de 2012

As pessoas quando se sentem compreendidas, mudam

«As pessoas quando se sentem compreendidas, mudam». Frase de Alberto Brito, sj que, de mãos dadas com Laurinda Alves, nos traz um magnífico livro sobre comunicação entre as pessoas, os laços que tecemos entre nós, e as maneiras como tratamos das relações de amor, de amizade, de familiaridade ou de trabalho. Nesta lógica, fala da aceitação e do amor: todos queremos ser amados e aceites como somos e pelo que somos.
O maior desejo do homem é amar e ser amado, por isso, o seu maior medo é ser rejeitado. Ou não ser aceite pelo que é. Desta realidade nascem as defesas, os preconceitos, as barreiras e os muros altos e intransponíveis que tantas vezes erguemos à nossa volta e que distorcem a comunicação.
«Compreender não é concordar. Eu não tenho nada que concordar com o que a pessoa fez, ou deixa de fazer. Também não tenho nada que lhe lançar à cara uma frase seca e acabar a conversa sem mais, dizendo: «Fez muito mal!» ou «Fez muito bem!».
Posso concordar ou discordar das ideias. Agora, em relação às pessoas, o que importa é compreendê-las. Não sei se há algo mais exigente do que procurar compreender uma pessoa.
Compreender é então para Alberto Brito, sj, transmitir ao outro: «Podes ser tu, diante de mim. Não precisas de ser outra pessoa, nem precisas de te defenderes de mim, porque eu não sou teu juiz»
(…)O exercício de compreensão não é fácil, mesmo nada fácil. Exige um grande trabalho interior, que não se vê a olho nu e cujos efeitos não se percebem imediatamente. Mas é o que mais vale a pena. Caso contrário, as pessoas fecham-se, enquistam-se, defendem-se (…).
Outra coisa a fazer é estabelecer fronteiras claras, limites para a partilha dos nossos sentimentos: « Nem tudo é para se dizer. Há coisas que tenho de aprender a dizer e a digerir apenas para comigo. Posso sim, aqui e ali, pedir ajuda e tentar falar com uma pessoa em quem tenho confiança sobre algo que me atormenta. Isso, sim, pode ajudar muito, não para que essa pessoa resolva, mas para que me ajude a lidar com o que cá vai dentro….A estratégia que sugiro  - admitir, relacionar, relacionar- faz a pessoa crescer em verdade, desanuvia o seu anterior, dá-lhe liberdade na sua actuação».
Sobre a negação dos nosso próprios sentimentos Alberto Brito, sj, fala-nos ainda de Freud e daquela comparação de fecharmos uma criança mal comportada na cave, quando nos está a moer o juízo.«Deste modo, fechada, já não nos vai incomodar. Durante algum tempo até podemos sentir um certo alívio, porque deixamos de ouvir a criança gritar, mas quando fechamos duas, três, quatro crianças na cave, elas às tantas não só gritam como começam a bater nas canalizações da água e, em pouco tempo, fazem um tal chinfrim que se ouve na casa toda. E isto é difícil de suportar…A negação provoca uma tal poluição no nosso ecossistema, uma tal confusão e opressão que os dois ou três sentimentos que queremos a todo o custo fechar na nossa cave passam a ser o nosso absoluto. E vemo-nos dominados exactamente por aquilo que queríamos eliminar em nós…». Bem, e muito, muito mais haveria a dizer sobre este livro que se vai saboreando…
Obrigada às minhas companheiras de Palmela!